segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Aslam – O Cristianismo por trás do Leão (1)




As Crônicas de Nárnia

Possuem figuras com significados muito mais amplos do que se pode imaginar na primeira leitura. Lewis sabia como as crianças têm imaginação ampla e pronta para mais novidades do que os adultos, por isso designou as Crônicas a elas. Nos livros não é comentado claramente o verdadeiro significado ou a base bíblica de qualquer cena ou personagem, apesar de Lewis ter confirmado algumas alegorias ou metáforas em cartas aos seus fãs. Ao contrário de muitos adultos, as crianças logo percebem o que Clive Staples Lewis queria transmitir. Este fato ocorre porque elas estão com suas mentes mais abertas a novidades e informações, além de nunca esperem algo do livro e permitirem que o mesmo transmita tudo a elas.

 Na naturalidade da infância, muitas acabam logo percebendo em Aslam a figura de Cristo. O Leão de Nárnia, Aslam, é o único personagem que aparece em todos os sete livros das Crônicas. Ele é o filho do Imperador do Além Mar, é caracterizado como o guardião constante, protetor e ajudante de Nárnia, assim como protetor das crianças do nosso mundo. Aslam criou Nárnia ao cantar sua vida, e trouxe seu fim ao destruí-la. Ele também morreu e logo em seguida ressuscitou quebrando a Mesa de Pedra em: O Leão, a Feiticeira e o Guardarroupa. 

Estes pontos destacam um paralelo entre esse personagem com Deus e Jesus Cristo. O próprio Lewis declarou, certa vez, numa carta a um fã, que esta relação era profunda. Esta comparação fortalece-se quando se ressalta que muitas palavras e atos de Aslam têm uma referência bíblica.

Na história cristã o Deus trino (Pai, Filho e Espírito Santo) envia Jesus (Deus Filho) a Terra para viver entre os humanos e morrer como um sacrifício aos seus pecados, revertendo a lei e criando uma nova aliança com o seu povo. Aslam, em Nárnia, aparece para salvar seu povo e morre em lugar de Edmundo, salvando-o de seu erro, a traição, e revertendo a Magia profunda.

Até mesmo os momentos antes de serem aprisionados, a tortura e humilhação são iguais entre os dois personagens. Depois de três dias morto, Jesus ressuscitou com uma aparência ressaltada, explicou algumas coisas aos seus seguidores sobre como deveriam levar a igreja à frente e esperar pelo seu retorno, e então subiu aos céus. Depois de morrer, Aslam também voltou à vida para ajudar seu povo na guerra e depois também sumiu. Diversas vezes é mencionado que o pai de Aslam seria o Imperador do Além Mar, assim como Jesus é filho do Deus Pai, também mencionado ao longo do Novo Testamento.




Acompanhe os textos abaixo, 
que demonstram as similaridades entre o Deus cristão e Aslam.

Há um relato em *A Viagem do Peregrino da Alvorada* feito pelo próprio Aslam em que a personagem confirma que seria no nosso mundo aquele que também atende a alcunha de “Leão de Judá” (termo usado pelos judeus da época de Jesus para designar o Messias que esperavam), não por mera coincidência; ou seja, ele seria o Cristo. Neste diálogo, Lewis também declarou sutilmente o motivo pelo qual escreveu os livros: leva a história bíblica às crianças e apresentar a elas este Deus de amor também em nosso mundo.
“- [Você] Está também em nosso mundo?
- Estou. Mas tenho outro nome. Têm de aprender a conhecer-me por esse nome. Foi por isso que os levei a Nárnia, para que, conhecendo-me um pouco, venham a conhecer-me melhor.”

O leão de uma simples história para crianças ou o símbolo de toda uma fé?
Aslam é um personagem diferente para muitos, mas Lewis, que também era escritor de teologia, mostrou, pelas semelhanças e imagens usadas, que quis apresentar aos seus leitores aquele mesmo personagem que tanto intriga nosso mundo.

 O Cristianismo por trás de Nárnia – Alegorias, mitos e a Bíblia

Aslam significa leão. É um personagem que morre pelos outros e depois volta a viver. É filho do Imperador do Além Mar.

No Cristianismo, os judeus tinham uma promessa de um messias, o rei deles, filho de Deus, que viria a terra para salvá-los e morrer por eles. Chamavam-no de Leão de Judá. Para os cristãos, este é Cristo, que morreu e ressuscitou. Simples coincidências? Ecos da fé do escritor das Crônicas de Nárnia, C. S. Lewis? Ou algo a mais?

As Crônicas de Nárnia são sete livros que C.S.Lewis escreveu nas décadas de 40 e 50. Sete, por sinal, é um número recorrente na história judaico-cristã, considerado o “número da perfeição” dentro da simbologia religiosa. Há leitores que insistem na ideia de que Nárnia é só mais uma história, só mais um livro dentro da literatura imaginária infantil. Mas são tantas as comparações com o cristianismo, que fica difícil achar que realmente não há semelhanças. Lewis, ele mesmo, já tinha sido ateu, mas tornou-se um cristão e escritor de diversos clássicos da teologia britânica do século XX, como *Cristianismo Puro e Simples*, *Cartas do Diabo a seu Aprendiz* e *O Peso da Glória*. Nada mais coerente do que transpor alguns dos seus conhecimentos – e, muitas vezes, teorias complexas – em sua literatura infantil. Da mesma forma, Lewis escreveu alguns livros mais adultos, entre estes a* Trilogia de Ransom*.

Nárnia, portanto, seriam histórias repletas de pequenas lições, alegorias das histórias bíblicas e apresentações de teorias de Lewis. Há quem diga que Nárnia pode ser até real, mas isso não há como discutir. Quando Lewis decidiu escrever os livros, provavelmente queria passar ensinamentos para as crianças, talvez dar uma chance delas conhecerem tudo aquilo que perderam junto com seus pais na II Guerra Mundial. Professor que era, apaixonado pela  mitologia e ainda abrigando quatro crianças, nada mais normal da parte do escritor.

Para compreender o caráter alegórico, é preciso entender o significado desta figura de linguagem. Se a ‘metáfora’ é quando a identidade de algo é firmado com um atributo que tem em comum com outro elemento, ambos retirados da realidade e quase sempre usado de forma curta na literatura, este termo não basta para Nárnia. Já a ‘alegoria’, muitas vezes usada na retórica, é a “representação concreta de uma ideia abstrata”, muitas vezes mítica, expressa na fabulação (*A Alegoria*, Flávio R. Kothe). Nárnia é exatamente isto, a fábula composta para representar uma ideia; elementos concretos, nem sempre retirados da realidade, usados para significados abstratos.

Mundo Nárnia, por Jessica Grant.

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